domingo, 8 de março de 2009

Meu único dia de Mulher!

Foto: Daniela Moreau/ Casa das Áfricas

Oito de março lembrou de mim

Mandou flores, tocou até tamborim,

como presente de consolação,

além dos bombons, ganhei cartão

elogiou tanto o meu caráter

e me fez se sentir rainha

fingiu esquecer que não cobiçava o meu corpo,

mas sim a minha carinha

afirmou que sou bela por ser muher

e disse o quanto sou guerreira de fé

e que sou capaz de vencer todas as barreiras

sou forte e verdadeira

na tv tantas homenagens

que cheguei a acreditar

até que enfim a igualdade está a reinar.





Nove de março, que decepção!

Pia cheia e toalha no chão

pedi para tirar o prato da mesa

e quase levei um bofetão

disse que o serviço de casa era minha obrigação

que mulher só prestava para cozinhar,

fazer sexo,

gerar filhos e amamentar.





Dez de março e a coisa piorou

disse que sou feia, gorda

e não sabe por que casou

e ainda me chamou de burra

e que se tivesse estudado

pelo menos era cultta



Os dias passam e fico esperando

Meu único dia de mulher.

Oito de março.





Elizandra Souza. Publicado no Punga, Edições Toró, 2007.

Um comentário:

sandra bello disse...

linda mostra que nossa história é outra . abracos