quinta-feira, 7 de maio de 2009

Fundição - Elizandra Souza



Sou capaz de fundir-me...
juntar sua história com a minha,
correr nas suas estradas,
passear nos seus distantes campos,
desenhar-me nas suas tranças.

Sou capaz de fundir-me...
sem perder-se de mim mesma
e sem apagá-lo de si.
Girando como seu disco de vinil
quando toca uma canção.

Sou capaz de fundir-me...
sendo aquela mixagem
sua miragem da minha imagem
refletida no espelho da nossa Sintonia
sua música na junção da minha poesia.

Sou capaz de fundir-me...
nessa sua pele preta
reluzindo na luz do dia.
Suor deslizando no corpo
chuva que escorre na vidraça da janela.

Sou capaz de fundir-me,
mas você não quer me dá seu coração”
aguardo o retorno da nossa canção
como quem exaustivamente espera o entardecer
ou o encontro casual do sol e da lua ao anoitecer.

** Poema publicado na Antologia Negrafias, 2008.

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