quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ensaboando a memória



Lembro-me como se fosse hoje do meu aniversário de 10 anos, foi na Fazenda Cauê, minha vozinha organizou juntamente com as minhas tias uma pequena comemoração. Não tinha os comes e bebes comuns das outras festas de aniversário que eu costumava ver na televisão ou quando freqüentava os aniversários de Paty e Xanda (minhas amigas de infância).
A mesa foi organizada com bolo de arroz, de aipim, coscorão (massa de pastel frita sem recheio e salpicada de açúcar), tubaína, sucos de caju e de acerola, pasteizinhos,entre outros que não me lembrou agora e os convidados chegaram quando o sol começou a esfriar ( se é que isso é possível).
Cada um dos convidados trouxe um pequeno embrulho, não eram enrolados em papéis típicos para presentes, mas em jornais e revistas (será por isso me interesse pelo mesmos?)...Depois de cantar parabéns comecei a desembrulhar os presentes, tinha inúmeros sabonetes das marcas: Lux Luxo, Phebo, Alma de Flores; perfume de Seiva de Alfazema (cheiro da minha vozinha); pastas de dentes das marcas Kolynos e Colgate, entre outras de juás; toalha de banho; dinheiros enrolados nas mesmas embalagens; latas de doce de goiabada; brincos e colares.
Hoje me veio este lapso de memória destes presentes que eu costumava receber dos meus parentes na cidade de Nova Soure, eu me lembro que eu adorava este carinho, sempre gostei de ser paparicada, sempre fui muito querida, e estas eram as formas que o meu povo costumava demonstrar carinho e atenção. Eu lembro que quando as minhas colegas da escola perguntavam o que eu tinha ganhado e eu falava a lista de presentes, elas riam e falaram que mais parecia uma compra de supermercado e não presentes. Eu ficava super triste com esta reação das mesmas que moravam na cidade e achavam que eram melhores do que as pessoas que moravam na Zona Rural...
Por que estou falando tudo isso? Hoje é dia 23/12/2010 e voltei ao passado 03/07/1993 entrei em uma loja O Boticário e comprei sabonetes para todos os meus familiares e pessoas que amo... meu pai, minha mãe, minhas irmãs, meu cunhado, meu sobrinho, meu amado, pra mim e para a mãe de uma amiga...como não queria acabar com o estoque de sabonetes ainda falta presentear muitos amigos e por isso resolvi presentear com esta história para que sintam o cheirinho de ser amados de alguma forma e que lembrem-se as pequenas formas de atenção que os nossos encontram para dizer, te amo através de um sabonete, que significa para mim eu te quero bem.
Sabonetes para todos e todas!!!
Axé que eu vou ensaboar a minha vida....até 2011!!!
Elizandra Souza

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

LANÇAMENTO DOS 33 ANOS DE CADERNOS NEGROS



A série literária Cadernos Negros teve início em 1978, fundado pelo escritor Cuti e atualmente organizado pelo Quilombhoje Literatura. Tem o intuito de dar visibilidade a uma escrita negra e engajada, sendo lançado um exemplar por ano, alternando entre poemas e contos afro-brasileiros. A publicação está na sua 33ª edição consecutiva, sendo que a deste ano será especial de poesias. Dia 17 (sexta-feira), 19h. Sala Olido – Av. São João, 473. Centro. Entrada franca. (11) 3805- 7082. quilombhoje@terra.com.br/ www.quilombhoje.com.br.

Faça a sua inscrição:
http://www.quilombhoje.com.br/cadastrocn33#
Quando e Onde

Dia: 17 de dezembro de 2010 (Sexta-feira)

Horário: 19 horas

Local: Auditório da Sala Olido (Av. São João, 473 – Centro - São Paulo) , em frente à Igreja do Largo do Paissandú.

Ingresso: Entrada Franca
CADASTRE-SE

A entrada no evento é gratuita, porém devido ao número limitado de lugares no auditório (293 cadeiras) solicitamos que você faça inscrição abaixo.

E cadastrando-se você irá garantir o seguinte pacote: entrada no auditório + desconto de 25% na aquisição do livro Cadernos Negros 33 + um brinde. Reserve sua entrada no lançamento do livro mais badalado de São Paulo – Cadernos Negros 33 – Poemas. (Desconto somente para o cadastramento online).

O valor do livro Cadernos Negros 33 é R$ 20,00, e com desconto de 25% você pagará apenas R$ 15,00 (somente no dia do lançamento).

O acesso ao evento ocorrerá a partir das 18h45. O cadastramento dará preferência de entrada no auditório até as 20h. No caso de lotação o evento poderá ser acompanhado no saguão.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

NEGR@S MIXTURAD@S - Dia 11 (sábado), 15h. Ação Educativa


PROGRAMAÇÃO:

14h30m: Início da pintura do painel com a temática do evento com as grafiteiras: Soberana, Lilás Crew, Riska, Chermie, Zudão e quem quiser chegar pra somar!!!

15h00m: Roda de Conversa - Tema: “A Participação da mulher negra nas culturas tradicionais e urbanas” - com a participação de mulheres que representam as culturas tradicionais e urbanas.
Facilitadora: Ornella Rodriguez - professora e poetisa;


16h00m: Vivência com Dança Afro
Facilitadora: Miniwa do Ébano e participação especial de Daniel Alves (KOTEBAN);


17h00m: Vivência com Break Dance
Facilitadora: Bgirl Dyssaa;


18h00m: Momento Poético (traga sua rima, sua poesia, sua criação!)
Facilitadora: Elizandra Souza - poetisa e jornalista.

19h00m: Vivência “Des-amarrando Nós” - confecção de instrumento musical (Xequerê);
Facilitadoras: Inaiá Araújo (percussionista e arte educadora) e Marcia IzzO (gestora de projetos);

20h00m em diante: Participação no Evento de Cultura Popular “Bodega do Brasil” no auditório da Ação Educativa, com intervenções do grupo de rap Tarja Preta (Baixada Santista) e a DJ Evelyn Cristina, e a sambadeira Nega Duda do Samba.

Teremos exposição de produtos do projeto e de outras iniciativas.
- Bonekas Makena;
- Máscaras Africanas;
- Camisetas e produtos Hip Hop Mulher;
- Quilombhoje;
- E muito mais....Traga seu produto!!!

COMPAREÇAM!! EVENTO ABERTO AO PÚBLICO.

Local: Ação Educativa - 1º Andar
Rua General Jardim, 660
Telefone: 3151-2333

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Recorri a vários poetas para me explicarem o que é Amizade que eu estou confusa....Segue minha listinha!!!


Amizade Por Mario Quintana

Muitas pessoas irão entrar e sair da sua vida
mas somente verdadeiros amigos deixarão pegadas no seu
coração.

Para lidar consigo mesmo, use a cabeça,
para lidar como os outros, use o coração,
raiva é a única palavra de perigo.

Se alguém te traiu uma vez, a culpa é dele;
Se alguém te trai duas vezes, a culpa é sua.

Quem perde dinheiro, perde muito,
Quem perde um amigo, perde mais.
Quem perde a fé, perde tudo.

Jovens bonitos são acidentes da natureza:
Velhos bonitos são obras de arte.

Aprenda também com o erro dos outros,
você não vive tempo suficiente para cometer
todos os erros.

Amigos você e eu...
Você trouxe outro amigo...
Agora somos três...
Nós começamos um grupo...

Nosso círculo de amigos...
E como um círculo,
não tem começo nem fim...

Ontem é história:
Amanhã é mistério,
Hoje uma dádiva,

É por isso que é chamado presente...

Reverência ao destino Por Carlos Drummond de Andrade


Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.


Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Amigos, ainda… Por Fernando Pessoa

Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas
jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos
que tivemos, dos tantos risos e
momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da
angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim…
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades
continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem
sabe…nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas
tolices…
Aí, os dias vão passar, meses…anos… até
este contacto se tornar
cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo….
Um dia os nossos filhos verão as nossas
fotografias e perguntarão:
“Quem são aquelas pessoas?”
Diremos…que eram nossos amigos e……
isso vai doer tanto!
“Foram meus amigos, foi com eles que vivi
tantos bons anos da minha vida!”
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes
novamente……
Quando o nosso grupo estiver incompleto…
reunir-nos-emos para um último
adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar
mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para
continuar a viver a sua vida,
isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo…..
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde
amigo: não deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas
adversidades sejam a causa de grandes
tempestades….
Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Últimas informações sobre o Bar do Santista - Local em que se realiza o Sarau Elo da Corrente


Acabamos de voltar da sub prefeitura .. (Santista e Michel)

A situação é a seguinte ...

O bar foi fechado por falta de licença de funcionamento. O Fiscal que veio até aqui é um plantonista, ou seja, não pertence ao escalonamento diario da area. Chama-se Edson Carvalho

Detalhe: 98% dos comércios da região não possuem tal alvará de funcionamento, sendo que as demais do bar do Santista documentações estão ok.

Outro detalhe: A Prefeitura de São Paulo, mesma instituição que fechou o bar do Santista, por meio da sub de Pirituba, financia um edital público da Secretaria Municipal de Cultura (VAI-2010) nesse espaço, pelas atividades do Sarau Elo da Corrente.

Nós estamos iniciando um Requerimento de Licença Eletrônica, que pode depende de liberação de senha no setor do Anhangabaú e depois abrir um protocolo na praça de atendimento

Tramite que é demorado ....

Sendo assim, precisamos que a Sub Prefeitura, autorize a abertura do bar, para que o Santista tenha um prazo de regularização, sem prejudicar seu orçamento e as atividades culturais previstas e financiadas pela Secretaroia Municipal de Cultura.
Conforme o Fiscal Edson, a responsabilidade de solicitar um prazo é do Supervisor de Fiscalização Sr. João Francisco Lopes. O mesmo estava na sub. mas não nos atendeu, informando a telefonista que sua presença dependia da situação e quando foi informado do nosso caso, disse que só retornaria do almoço as 14 horas, era por volta de 11:30. Solicitamos seu email institucional e a recepcionista nos disse que somente o mesmo poderia conceder seu contato
*
*

As informações que consegui sobre ele na internet são as seguintes:


JOÃO FRANCISCO LOPES

RF: 130.128-4,

SMSP -SUBPREFEITURA PIRITUBA / JARAGUÁ -

COORDENADORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO URBANO

telefone: 3904 5999

Sobre as infromações contidas

no AUTO DE INTERDIÇÃO:

Nome do responsável: Claudio Ciriaco

Razão Social: Claudio Ciriaco e Filho LTDA. ME

Rg; 11. 957701-x

Endereço :

Rua Jurubim .788- A Jd Monte Alegre

05170-100

Telefone: 3906 0348

CODlog; 759643

Setor quadra: 124072

Lotes: 0083-6

Decreto: 13885/04

Motivo da interdição: Funcionando sem a devida licença Municipal

Desocupação: Total
processo administrativo; 2005.0314.049-6

Lacração: afixação de lacre de papel indicando interdição.

*
*

Estamos fazendo os contatos e tramites possiveis ..

Enviamos essas informações a Coordenadoria do VAI, por meio do Coordenador Gil Marçal , para que a Secretaria de Cuiltura também pressione a sub de Pirituba. Além dos amigos e parceiros que já nos acionaram para somar de diversas formas

As 14 horas vamos entrar novamente em contato com o Supervisor de Fiscalização e continuaremos nas ações .
Por hora é isso!
Abraço
Tá valendo pela atenção e ação de todos

Michel Yakini

Sarau elo da Corrente

www.elo-da-corrente.blogspot.com

11 3906-6081/98472562

Contatos do Santista:

11 3906-0348/ 9157-5752

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bar do Santista é lacrado pela PMSP - Local do Sarau Elo da Corrente

Hoje a tarde estavamos passando pelo bairro, a caminho do Sarau do Metrô, e observamos que o Bar do Santista, nossa casa, estava fechado, como isso não é comum, se tratando de uma terça-feira a tarde, ligamos na casa do Claudio Santista para saber o que aconteceu e sua esposa nos informou que o bar havia sido fechado e lacrado, com um comunicado oficial colocado na parede, pela sub-prefeitura de Pirituba.


Assim que terminamos nossa apresentação, retornamos para Pirituba, direto a casa do Claudio Santista, para saber maiores detalhes do acontecido. O Santista nos disse que a subprefeitura não explicou a causa que gerou a ordem de fechamento e que por isso ele deveria comparecer na sub para obter esclarecimento do caso e qual medida adotar.


O curioso é que o Bar do Santista e uma Serralheria foram os unicos comércios que receberam essa visita, entre dezenas que existem no Jardim Monte Alegre, sendo na esmagadora maioria bares, ou seja, porque somente esses dois comercios foram lacrados???


Amanhã iremos acompanhar o Santista na Subprefeitura para saber maiores detalhes e reestabelecer, o quanto antes, esse espaço, que é muito além de um simples bar que funciona há mais de uma década na região, mas também é a base do sustento familiar de duas casas (do Santista e da Dona Silvia e também do Diogo, Priscila e do pequeno Kauan), ponto de encontro e descontração de diversos amigos na comunidade, sede de um dos unicos e importante acontecimento cultural no bairro que é o nosso Sarau Elo da Corrente, com três anos e meio de atividade e centenas de eventos realizados, além disso, é esse mesmo espaço abriga uma biblioteca com mais de 600 titulos ofecerendo emprestimo de livros aos moradores.


Um bar que contribui para que Pirituba seja uma referência positiva na região, reconhecida nacionalmente, seja pelos seus frequentadores, pelo movimento de literatura periférica, pelo parceiros Brasil e mundo afora, ou pelas diversas midias e setores publicos que registraram ou contemplaram essa iniciativa que faz morada nesse bar-centro-cultural.


Por isso estamos convocando todos os amigos e parceiros a comparecerem em nosso próximo encontro, que acontecerá independente do que acontecer até a próxima quinta (dia 02), pois nossa literatura é litera-rua e não vai sucumbir nesse momento de atenção e ação. Faremos um sarau como ato de repudio ao fechamento do nosso espaço e de apoio ao poeta Claudio Santista e a todos que afagam as sementes que brotam naquele corredor poético.


Assim que soubermos mais detalhes a respeito dessa situação comunicaremos a todos para saber qual tipo de passada será necessária nesse caminho.


Então ...


SARAU ELO DA CORRENTE


02/12 (Quinta -Feira)


20 horas


Concentração em frente ao Bar do Santista


Rua Jurubim, 788 -A
Jardim Monte Alegre - Pirituba




"Muitas mudas de mudanças
Foram plantadas
Mas é tempo de semear
Pois a igualdade persiste
em manter a situação
igualmente desigual"


(Sem Cessar, Michel Yakini)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Flor de Mulher - Por: Lids Ramos



Pra ser flor há que ser raiz.
Nascida do ventre da mãe África.
Flores são sinceras. Fraternas e tem tal beleza.
São livres, são leves, hoje soltas.
Caminham na resistência.
Das Dores?
Quantos segredos tens!
Ondas que vão e que vem.
Pérolas Negras.
Damas esbanjando amores.
Telúrica transformando flores.
Mulheres guerreiras.
Amemos o sol, a lua e o nosso gueto.
No medo corajoso.
Coloco-me a pensar no certo.
Duvidoso?
Toda mulher é símbolo de flor.
São poetizas
...do livro
...da vida
...do puro amor.

Fonte: http://www.lidisjanis.blogspot.com

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Para todas as mulheres negras.....ouçam o líder!!!!!


"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta. Nos perguntamos:” Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?"Na verdade, quem é você para não ser tudo isso? Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo". (Nelson Mandela - discurso de posse em 1994).

POETISAS SÃO O GRANDE DESTAQUE DE MOSTRA LITERÁRIA NO TREM, ENTRE ELAS, EU, ELIZANDRA SOUZA



Hoje, dia 24 de Novembro, das 9h às 17h os amantes da literatura vão poder se deleitar numa mostra literária diferente: diversos poemas integrante da obra de poetas que fizeram importantes contribuições para afirmação da cultura negra no Brasil e na Bahia serão expostos dentro dos vagões do trem de Salvador. Entre eles se destacam as poetisas Urânia Munzanzu e Elizandra Souza, escritoras, que apesar de jovens, já demonstram em seus escritos maturidade e força de quem sabe revelar nas entrelinhas um mundo negro que se forja há mais de 500 anos neste país. Quem for á Estção da Calçada amanhã poderá conferir também recitais poéticos, shows de música afro e ver exposição fotográfica com imagem dos bairros do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Mais informações:www.espiasalvador.blogspot.com


O QUÊ : ESPIA SALVADOR – TERRITÓRIO NEGRO
ONDE: Trem Municipal de Salvador - Estação da Calçada
QUANDO: 24 de Novembro de 10h, 12 e 17h
Contato: 71-3241-4105 / 8145-5297 (Flores de Dan Comunicação & Produção)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sarau Periferia em Ação - São Bernardo do Campo


Ontem estava numa ansiedade muito grande para participar do 1º Sarau Periferia em Ação no Jardim Silvina na Associação de Moradores,foi bem interessante por apontar que só conseguimos aprender as coisas fazendo, articulando,errando...e por relembrar de onde começamos, porque estavamos sendo convocados para aquele bairro, em que ponto da vida que nossas histórias se coincidiram. Fiquei encantada como o Buzo foi desenvolvendo os capítulos da sua carreira, como começou, apesar de ser amiga, não sabemos de tudo...do próprio Limonada sua relação com aquela Associação, com o seu bairro, com os seus parceiros de resistência...Conheci um pouco mais do GSA, Geraldo e Gê para alguns...do próprio Emerson Alcade que mescla teatro e Hip Hop/Literatura...Dj Lord falando do seu trabalho e do fascínio que tem pelos recitais...A vereadora Fátima que foi a Presidente da Associação estava presente e também o Everaldo da Secretaria de Cultura. Eu particularmente fico muito mais intimidada quando são poucas pessoas, porque você sabe e sente se o que você está querendo passar está chegando ou não, muitas vezes multidão dispersa o propósito, mas ao mesmo tempo, quando é algo que você acredita que é benefíco e bom, você quer mostrar para muitas pessoas...
O Sarau Periferia em Ação está começando, tem mais 3 dias de atividades...E fico grata de participado pelo menos de uma..
Grata também ao Seu Geraldo e Dona Dirce (pais do Limonada) pela recepção na vossa residência...pelo bolo, pelo kibe, pelos pastéis...risos
Axé a todos os envolvidos no projeto..e vida longa a atividade
Elizandra Souza

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A noite não adormece nos olhos das mulheres


A noite não adormece
nos olhos das mulheres
a lua fêmea, semelhante nossa,
em vigília atenta vigia
a nossa memória.

A noite não adormece
nos olhos das mulheres
há mais olhos que sono
onde lágrimas suspensas
virgulam o lapso
de nossas molhadas lembranças.

A noite não adormece
nos olhos das mulheres
vaginas abertas
retêm e expulsam a vida
donde Ainás, Nzingas, Ngambeles
e outras meninas luas
afastam delas e de nós
os nossos cálices de lágrimas.

A noite não adormecerá
jamais nos olhos das fêmeas
pois do nosso sangue-mulher
do nosso líquido lembradiço
em cada gota que jorra
um fio invisível e tônico
pacientemente cose a rede
de nossa milenar resistência.


Fonte: Conceição Evaristo. In: Cadernos Negros – Melhores poemas. Org. Quilombhoje. São Paulo, 1998.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Panteras Negras


Por Priscila Preta
Meu sonho é que as mulheres alisem menos os cabelos e analisem mais sua beleza.A evolução da resistência passa pela aceitação da imagem, assim deixaremos de ser selvagens domesticadas e passaremos a ser PANTERAS NEGRAS, prontas pra dar o bote do argumento.
Sou selvagem contra a selvageria da massificação,minha roupa não é uniforme, o trabalho acabou e agora estou a passeio pelo conhecimento.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Matéria sobre Capulanas Cia de Arte Negra para O Menelick Ato 2 - Edição 3



Por Elizandra Souza (www.mjiba.blogspot.com), especialmente para OMENELICK2ºATO
Fotos Cassimano (www.cassimano.com)



A arte híbrida das Capulanas Cia. de Arte Negra

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Quatro mulheres negras, quatro histórias em ebulição, quatro corpos desenhando-se no mesmo palco: poesias, músicas, gestos, inquietações e danças. Esta é a Capulanas Cia de Arte Negra, grupo “paulistafricano” formada pelas atrizes Adriana Paixão, Débora Marçal, Flávia Rosa e Priscila Preta, que se trançaram em 2007, durante o curso de Comunicação das Artes do Corpo, na PUC/SP.

“(Na universidade) existia uma forte segregação, éramos poucos alunos negros e como tínhamos sonhos e questões em comuns dentro do nosso individual, fomos criando uma familiaridade e uma articulação política dentro do curso”, relembra Adriana.

Com o propósito central de dialogar com a sociedade sobre as descobertas, anseios e percepções da mulher negra, fortificando seus reais valores perante estereótipos enraizados na cultura nacional que subestimam o papel da mulher negra na sociedade, em novembro de 2007, durante a Semana de Arte Moderna da Periferia, organizada pela Cooperifa, o grupo fez sua estréia nos palcos.

O nome Capulanas faz referência a um pano tradicionalmente usado pelas mulheres africanas para cingir o corpo, fazendo às vezes de saia, podendo ainda cobrir o tronco, a cabeça e que leva o nome de Capulana. De origem tsonga (povo africano de maior população na região sul de Moçambique), seu uso aparece no continente africano inteiro. “Vimos o desenho na capa do livro Punga, e tinha uma questão muito forte de uma mulher com uma arma na mão e um filho nas costas. Essa questão da maternidade e da independência. Como ser mãe e ao mesmo tempo ser independente? Observamos que as Capulanas tem um significado muito importante na vida das mulheres. Uma mulher na sua fase anciã, por exemplo, tem um baú de capulanas e a história da família é contada por meio destes tecidos”, explica Priscila.

Por que uma Cia majoritariamente de mulheres negras?
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“Dentro da sociedade que vivemos a mulher negra está no final da pirâmide social. Essa é nossa inquietação. Então resolvemos dialogar com a sociedade sobre o assunto por meio da nossa arte”, argumenta Flávia.
Além disso, todos os grupos que as atrizes integraram anteriormente as Capulanas falavam de questões raciais na visão do Homem. “O que pensamos têm que sair das nossas bocas, do jeito que queremos. Zinho e Manuel (que também fazem parte da cia.) vem para contribuir e para tocar, mas a gente não quer escutar só o que eles (homens) tem para falar, porque todo mundo só os ouve”, comenta Débora.
Adriana acrescenta que “o trabalho do grupo também é voltado para que os homens repensem a Mulher na sociedade atual”.

“Todas as coisas que carregamos como mulheres negras vêm dentro das nossas capulanas, as responsabilidades, transformações e reflexões do nosso trabalho. No momento de independência de alguns países africanos, as mulheres estampavam líderes políticos, frases contra a opressão, tudo haver com o que queremos mostrar”
Priscila Preta




A representação das mulheres negras no teatro brasileiro
“Existe. Na mesma condição da televisão e da mídia como todo. No papel de escrava, empregada, faxineira, sempre em papéis subservientes e submissos”, Débora Marçal


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“O trabalho de atrizes como Zezé Motta, Ruth de Souza entre outras são a prova que temos referências e não é de hoje. Mas elas já estão há quantos anos fazendo este trabalho e não são reconhecidas”,
Flávia Rosa


Negras Poesias

Atualmente, a Capulanas está percorrendo diversos quintais das periferias de São Paulo com o espetáculo Solano Trindade e Suas Negras Poesias, do Projeto Pé no Quintal, contemplado pela edição do Programa de Fomento ao Teatro da Secretaria Municipal de Cultura. A ideia de levar a peça para o quintal está relacionada ao fato deste ser um espaço de convivência do público alvo do projeto, ou seja, moradores das periferias que pouquíssimo consomem cultura, incluindo teatro.
O espetáculo, que também tem textos meus e das demais integrantes da Cia (que contribuem com suas vivências e narrativas traduzindo-as de forma poética), retrata a força da mulher negra por meio das poesias de Solano Trindade, buscando a ancestralidade nas manifestações populares de matriz afro brasileira. Por meio do elemento MC, igualmente dialoga com a cultura Hip Hop.

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LEIA
Damas Negras: sucesso, lutas, discriminação (Zezé Motta, Ruth de Souza, Chica Xavier e Léa Garcia)
Autora: Sandra Almada
Editora: Mauad
1995
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CLICK
ciacapulanas.blogspot.com

Fonte: Aqui

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Meu depoimento no lançamento do livro Retratos da Garoupa de Fernanda Gringolin




Primeiramente gostaria de agradecer o convite da Fernanda estou lisojeada de participar de um momento familiar, artístico e emocionante.
Retratos da Garoupa é um rico trabalho de valorizar a memória e as marcas que carregamos dos nossos familiares. Reconhecimento de que nós somos portadores de histórias e de belas histórias.

A memória e a criação poética no meu caso que escrevo poemas falando sobre a minha experiência negra e tentando remeter a fragmentos da cidade que passei a minha infância são os meus alicerces na escrita.

Sou filha de um casal de baianos, de uma cidade da Bahia chamada Nova Soure. Nasci em São Paulo, mas fui morar nessa cidade com 2 anos de idade e passei toda a minha infância. Retornei a São Paulo com 13 anos.

Carrego muitas lembranças, o cajueiro, por exemplo, foi o meu fiel companheiro, meu avô na sua fazenda fez um balanço pra mim e era a minha diversão preferida. Quando as outras crianças chegavam era um brigueiro, pois eu sentia que era dona do balanço e do cajueiro.

Nas férias escolares do final do ano, em dezembro, época do cajueiro está frutoso e florido, a castanha era uma das moedas de troca, eu ia junto com a minha avó e a minha tia catar castanhas e cajus, com o dinheiro que eu vendia as castanhas comprava todo o meu material escolar do ano seguinte. A minha avó fazia um doce de caju em compota que sou apaixonada.
Em 2009, depois de 13 anos habitando a cidade de São Paulo, fui visitar a cidade da minha infância, muitas imagens mudaram, primeiro porque as crianças da minha idade também cresceram, os mais moços envelheceram e os muitos idosos concluiram o ciclo da vida.
A cidade que era o meu mundo na infância e no momento de retorno como eu tinha adquirido outras referências, as comparações foram inevitáveis. Eu tive a impressão que a cidade de Nova Soure encolheu, que as ruas ficaram estreitas, que a casa onde morei durante 11 anos ficou pequena. Até uma lagoa que tinha na fazenda dos meus avós parecia mais uma grande poça de água.
A parte mais triste deste retorno foi visitar a casa dos meus avós já falecidos há 6 anos. Visitei todos os parentes e amigos,mas deixei a fazenda por último. Na porteira lembrei que meu avô não estaria no cajueiro e a minha avó na beira do fogão, cozinhando duas porções mágicas. Comecei a chorar descontroladamente. Acho que a saudade é suportável, o que eu não aguentei foi ver que o que a minha avó cuidava que era suas plantas e flores já não existiam mais. Meu tio solteiro que mora na casa que foi dos meus avós, acredita que ele colocou um varal no meio da sala? Eu achei um absurso. Mas ele tentou fazer da mesma que meus avós fariam se eu os tivesse visitado antes. Fez galinha caipira no fogão de lenha, que ele não ligava há anos... Nossa quantas lenhas eu carreguei para abastecer aquela cozinha! Ele tirou coco do coqueiro, mangas, cajus, mas eu me alimentei de uma comida salgada banhada pelas minhas lágrimas.
As lembranças e as memórias elas são tão vivas na nossa vida que quando vamos rever no mundo real,elas perdem a proporção que tem dentro do nosso imaginário.
A forma que encontrei de manter essas lembranças e memórias da forma que elas estão impressas em mim, tem sido por meio das poesias e de textos que me teletransportam para estas lembranças e memórias. E para finalizar um poema.

Chamado

Ouço vozes aqui dentro
Vozearia, Gritaria
Identidades diversas
O aveso do meu eu, colcha de retalhos do nós
Ancestralidade clama
Para acendermos a chama.

Axé.
Elizandra Souza

Mais fotos do lançamento:

Fernanda e sua mãe...


Familiares e amigos de Fernanda

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Estou feliz...Mulher no comando....


Eu tenho um sonho que nosso país possa ser mais igualitário nas relações humanas, incluindo mulheres, homens,crianças e idosos!!! Brasil fiquei orgulhosa de ver o seu povo unido e elegendo uma mulher guerreira e de opnião firme...!!!

sábado, 30 de outubro de 2010

Reportagem Afetiva - meu déjá vu


“Vou te falar, lembra
De tudo que conseguimos ser
Casos pra contar, rir e chorar
Isso não pode se perder
Independente do caminho diretriz
Ser frutos ligados à raiz
É o que nos fará vencer
Isso não pode se perder, em você.”

Emicida, Isso não pode se perder, Mixtape Emicidio, 2010

(Sem imagens, aprendi com Alice Walker a fazer imagens afetivas, com os sentimentos e impressas no coração).

Lançamento da mixtape Emídicio, uma noite de sábado...uma noite quente e aparentemente tranqüila. Pinheiros: uma fila enorme, fui vendo cada rosto que passava pelos meus olhos. O público do Hip Hop não são mais as mesmas pessoas, pouquíssimos rostos que eu conhecia, me senti sozinha. Sempre fui a show de rap com um monte de pessoas, e quando não ia junto, as encontrava no evento. Foi uma experiência diferente, sozinha pude refletir sobre várias mudanças do tempo...

Já se passaram 14 anos que conheço o Hip Hop, foi naquele ano de 1996, eu com meus 13 anos, mas demorou um pouco para refletir o que era o Hip Hop. Só em meados de 1999 que me lembro ativa com escolhas próprias, com músicas que me identificava. Aprendi o que meu coração reconhecia como música.

Sim, estas reflexões vieram à tona numa enorme fila de pessoas querendo ouvir o mesmo som que eu. A minha surpresa é que o público se renovou, não é disso que eu estou! Se você pensou “fazendo rap só para brancos e de classes médias e altas”, ai que você se engana, eu vi rostos de jovens negros, tão sonhadores como o meu, no primeiro show de rap que fui de grande peso “ Naughty by nature”, observei os presentes com a mesma curiosidade. Desde a fila fui tomada por este sentido. Por que estou sendo tão redundante com esta fila longa?É que ali foi o meu déjà vu (algo já visto)...sim, eu reconheci aquela fila, aquelas pessoas eram tão sonhadores como eu...

Reportagem afetiva não tem ordem cronológica têm sentimentos e reações que marcam...esta atividade foi um divã sobre o que o hip hop representa na minha vida...
Não, não sou mais uma discípula... nem aquelas pessoas eram seguidoras...talvez elas já passaram daquela fase que se crê em “mitos do Hip Hop” “ os heróis das ruas que criamos”, sim criamos nossos mitos, nossos revolucionários..nossa, eita palavrinha prostituida...todos revolucionários..!!!É eu também “Mjiba” – Jovem Mulher Revolucionária, mulheres que pegaram em armas para a Independência do Zimbábue...

Eu sou idealista, estou esperando o momento... Poder para o povo preto, Poder para o povo, poder para a periferia, poder ser pessoas, poder ser pessoas é isso que estou esperando que os pretos, as pretas possam ser pessoas, só pessoas...Sim, o Hip Hop me fez ser preta para se enxergar como pessoa...tem alguém que disse “ só quando me descubro escrava é que me liberto”...Sim, Hip Hop me deu auto-estima de enegrecer a cada dia, trançar ou dredar os cabelos e não me sentir ridícula com os olhares que recebo na rua (Onde ela pensa que vai com aquele cabelo?)

Meu amigo Uvanderson, meu parceiro numa formação de professores em Manuas e Cuiabá (sobre lei 10.639 – ensino de história afro-brasileira nas escolas) em uma discussão sobre ações afirmativas, respondendo a questionamentos contrários a essa medida...disse: “ Essa é a única vez que se tem vantagem em ser preto no Brasil”
Nunca tinha refletido sobre isso...apesar das múltiplas facetas que já aprendi e abordei a questão racial...é uma escolha difícil se aceitar como preto como preta, não é fácil. Tem um refrão do Consciência Humana que gosto muito “ Se a mente reprimida resolver se rebelar, não tem para o governo e nem para a polícia mititar”...

Oxe, porque esta menina maluca estava falando de show de mixtape foi parar em questões raciais, ela deve ser no mínimo maluco, não sabe escrever, não sabe do que está falando...cadê a coerência? Cadê a linha de raciocínio? Avisei desde o começo, reportagem afetiva, escrevo o que sinto e o que senti...ou o que ficou registrado do que senti...

Durante o show um filme, eu e o Hip Hop de mãos dadas, sempre de mãos dadas, rap nacional tocando, só as nossas clássicas, eu fui interrompida várias vezes na minha reflexão, porque as pessoas que estavam ali cantava todas as músicas como se os cantores estivessem no palco, mas era aquele momento que é só o dj, a música e o público, não acho que era aquele momento que a música sai desfilando com seu salto alto ou tênis mesmo,com a sua melhor roupa, todos a admiram...é foi neste momento..sabe aquele perfume delicioso...Humm!!! Sentiu?

Ah, e literalmente estava só eu e o Hip Hop assim como não encontrei companhia na fila, durante o evento estive sozinha..não procurei ninguém..no final encontrei dois amigos...e fiz uma nova amiga que esta fazendo tcc sobre Hip Hop..tão idealista quanto eu...descobriu sua habilidade porque o Hip Hop sempre nos cobrou o que você esta fazendo para mudar a sua realidade? Eu sempre vi como uma cobrança, que eu estou fazendo questão de pagar...rs...

(Em falar em realidade...hoje fui no samba da minha rua tava uma disputa entre samba e os funks carioca no mesmo espaço...fiquei pensando que realidade é esta agora que o Hip Hop não esta mencionando...de que realidade falamos? Que verdades inabaláveis foram estas que criamos que são indestrutíveis? Percebi que “criei” a minha realidade, a minha forma de lazer, a minha forma de si divertir que não é a mesma das pessoas da minha rua, não estou falando de qualidade, nem de melhor e nem pior, estou falando de diferentes olhares, não é porque sou da periferia que tenho um tipo de pensamento, não porque sou preta que tenho outro, são escolhas e recortes...)
Era uma reportagem afetiva, esta parecendo um devaneio...é o horário já permite este tal sonambolismo...são 4h43 horário de verão..e ainda ouço a pancada do funk que vem lá da minha rua....

Bom, escolhi essa forma de escrever porque tirei algumas fotografias:

1- Aquele é Pepeu cantando junto com Emicida, depois de 16 anos que não rima para o público do hip Hop
2- Este é Kl Jay entregando uma mixtape de ouro para o Emicida, por ter vendido um milhão de cópias do primeiro trabalho.
3- Aquela é a mãe do Emicida cantando a música Triunfo (será que era mesmo, essa música?)
4- Essa foto eu tirei com os pés levantados para pegar todo o público cantando as músicas, numa só voz, no mesmo ritmo em que o coração discoteca.
5- Aquela ali no canto, sou eu, olhando apaixonadamente para o Hip Hop, dizendo silenciosamente o quanto eu ainda o amo...e o quanto eu me melhorei...
Obs: Para quem conseguiu ler até o final, eu agradeço e que tenha um bom dia, uma boa tarde, uma boa noite. Para todos aqueles que não leram eu agradeço da mesma forma.

Paz e Resistência
Elizandra Souza


Refrão: Trilha deste texto:

“Vou te falar, lembra
De tudo que conseguimos ser
Casos pra contar, rir e chorar
Isso não pode se perder
Independente do caminho diretriz
Ser frutos ligados à raiz
É o que nos fará vencer
Isso não pode se perder, em você.”
Emicida, Isso não pode se perder, Mixtape Emicidio, 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lutar pela Cultura é um dever nosso, convocatória em pró dos Fomentos e Programa VAI!!!

CONVOCATÓRIA ASSEMBLÉIA PRÓ-FOMENTOS E PELO PROGRAMA VAI.


CONTRA A POLÍTICA PRIVATISTA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA



Dia 27/11 (Quarta-feira) das 14 às 16h

Na Câmara Municipal de São Paulo



Local: Palácio Anchieta - Viaduto Jacareí, 100 - Bela Vista - São Paulo –
SP

Referência: Próximo ao Terminal Bandeira de ônibus.

Informações: (11) 8121-0870.


Tarefas dos Grupos:

Convocar mais pessoas e trazer no dia da Assembléia instrumentos sonoros,
tambores, apitos, mega-fones e caixas de som com amplificador.



Após muitas horas de discussão foi deliberado na última Plenária, realizada
no teatro coletivo a realização de uma Assembléia Pública na Câmara
Municipal nesta quarta-feira.

Faremos uma espécie de preparação para uma grande mobilização em defesa das
Leis de Fomento ao Teatro, Dança e pelo Programa VAI.

Todos estão convidados para esta demonstração pública de indignação contra o Decreto Municipal que descaracteriza as Leis de Fomento para a Cidade de São Paulo e faz retroceder a conquista histórica iniciada pelo Movimento Arte
Contra a Barbárie.



Sempre negociamos com a Secretaria Municipal de Cultura!!!

Sempre fomos desrespeitados!!!



O fomento é uma conquista de grupos e coletivos, que defendem um modo de
produção artística. Ele não é uma disputa por verbas. Ter verba pública é a
reivindicação de um conceito que estrutura um modo de instaurar o espaço das
artes cênicas nos bairros, nas comunidades, no cotidiano de uma sociedade,
proposto por artistas que vivem esta relação com o público: uma relação
pública. Isto não é um desejo só de São Paulo. Todas as lutas organizadas
pelos coletivos de Teatro e Dança, reivindicam suas Leis Específicas e o
Prêmio Brasileiro ao Teatro que são uma espécie de Fomento Nacional. Se o
atual Secretário de Cultura Augusto Calil vencer esta parada, que é a
desarticulação da Lei para sucateá-la e eliminá-la, “legalmente” o prejuízo
é muito grande, infinitamente maior do que podemos suportar.

Agora é hora de aliança e força de mobilização e luta em todo o país.
Qualquer diferença poderá ser debatida em outra circunstância. Agora o foco
é num só lugar: Contra a Atitude da Secretaria de Cultura da Cidade de São
Paulo. Cada ponto ganho por esta aliança será um passo avançado na conquista de outros desdobramentos que são conseqüências das próprias questões que o exercício da lei de fomento nos levanta.



Todos os que são capazes de fazer um gesto contra esta agressão da
Secretaria de Cultura e da Prefeitura de São Paulo

Por favor, ajudem na divulgaçãoe Mobilização.



Dia 27/10 (Quarta-feira) das 14 às 16h

Na Câmara Municipal de São Paulo



Organização:



Roda do Fomento

Movimento 27 de março

Movimento de Teatro de Rua

Cooperativa Paulista de Teatro

Mobilização Dança

Convocadança

Cooperativa Paulista de Dança

Cooperativa Cultural Brasileira



http://rodadofomento.blogspot.com/

http://movimento27demarco.blogspot.com/

http://mtrsaopaulo.blogspot.com/

http://www.cooperativadeteatro.com.br/

http://www.cooperativadedanca.blogspot.com/

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cidinha lança novo livro amanhã na Ação Educativa


COLONOS E QUILOMBOLAS


O livro “Colonos e Quilombolas” registra histórias dos territórios negros urbanos formados em Porto Alegre, findo o trabalho escravizado, por meio do testemunho e da voz iconográfica de seus protagonistas, moradores da região conhecida como Colônia Africana. O território se iniciava na atual Cidade Baixa e passava pelos bairros Bom Fim, Mont’Serrat, Rio Branco e estendia-se até o bairro Três Figueiras,
onde subsiste o Quilombo dos Silva, reconhecido pelo Governo Federal,
mas, diuturnamente contestado pela vizinhança, como é regra no
tratamento dado aos quilombos, urbanos e rurais, em todo o país.
Apesar de ter suas ruas inscritas nos mapas do século XIX, a região,
popularmente conhecida como Colônia Africana, nunca foi reconhecida
pela Prefeitura como um bairro da cidade. Os depoimentos e as
fotografias nos contam uma história de resistência e reinvenção da
vida na busca da humanidade plena, roubada pelo racismo. Os moradores
da Colônia Africana nos alertam, por exemplo, que os porto-alegrenses
gostam de pensar que os judeus foram os primeiros habitantes do Bom
Fim. Não foram, não. Os negros chegaram antes, bem no início do século
XX. Aos poucos foram imprimindo suas marcas nas festas populares e de
origem religiosa que envolviam os imigrantes europeus, também
moradores do bairro. A região era povoada por homens e mulheres negros
qualificados para diferentes ofícios: trabalhadores(as)
domésticos(as), tais como jardineiros, cozinheiras e damas de
companhia; acendedores de lampião, roçadores de terrenos, lavadeiras,
benzedeiras, condutores de carros e bondes, costureiras e músicos,
dentre os predominantes. Como define a professora Petronilha Gonçalves
na introdução da obra: “Os habitantes da Colônia Africana, assim como
de outros bairros negros de Porto Alegre são colonos, não porque
povoaram áreas não habitadas, ou porque se dedicaram ao cultivo de
terras. São colonos porque guardaram, aqueceram e lançaram em seus
descendentes, sementes de culturas africanas e histórias de
antepassados trazidos à força da África. Sementes que germinaram em
trabalhos, celebrações, festejos, jogos, cuidados e criatividade. Os
negros colonos, como os quilombolas de que trata este livro, são
guardiões de conhecimentos e da sabedoria que os escravizados
trouxeram em seus corpos, consciência, sentimentos, e com os quais
ajudaram a erguer a nação brasileira. São colonos e quilombolas porque
resistem às reiteradas tentativas de desqualificação e de extermínio,
porque ergueram e continuam erguendo fundamentos das africanidades
brasileiras, resistindo para não desligar de suas origens.” Para
narrar estas histórias, Cidinha da Silva se juntou às gaúchas
Dorvalina Fialho, Vera Daisy Barcellos e Zoravia Bettiol, sob
coordenação editorial de Irene Santos, e escreveu dez textos
ficcionais a partir de depoimentos de ex-moradores da Colônia Africana
para o livro “Colonos e Quilombolas”, um registro épico da
territorialidade negra em Porto Alegre. Em tempo: Emanoel Araújo
responsabilizou-se pelo prefácio.
Dia 26/10, 19h. Ação Educativa - Rua General Jardim, 660. Vila Buarque.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

9 Anos de Cooperifa, 6 Anos que recito naquele microfone!!!!



Parece que foi ontem, 2004, a primeira vez que recitei um poema no Sarau da Cooperifa, passando seis anos digo que a sensação é a mesma, todas as vezes é o mesmo frio,a mesma ansiedade, compartilhar palavras e pensamentos.
Cooperifa é o lugar que escolhi para ser o meu santuário, minha prece semanal, meu estímulo para tentar ser uma mulher melhor, mais consciente,mais persistente...mas quando for a hora ser frágil e delicada, ser mulher, ser negra e ser poeta...
Com a Cooperifa aprendi a me identificar com o termo " Ser poeta",me incomodava, mas acabei gostando,não por vaidade, mas por entender que hoje eu consigo ser e ser chamada de poeta.
Desde 2001, o Sarau da Cooperifa vêm estimulando e provocando as pessoas a sentirem sentimentos bons, assim mesmo redundante, não ligo para as redundâncias...Me sinto realizada quando as coisas vão bem, quando as coisas não estão boas também...
Conheci milhões de pessoas, que hoje coloca nos meus retratos das pessoas que gosto e admiro, sinto falta de algumas que não estão mais com a gente,mas sua essência permanece nas nossas caminhadas....Sinto amor, saudades e felicidades pela Cooperifa.
Axé a todos que gostam e sentem-se realizados no Sarau da Cooperifa.
Elizandra Souza

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Artistas e intelectuais apoiam Dilma!!!



Nós artistas da periferia estamos se manifestando entre a gente, mas fiquei contente que ontem no dia 18, no Rio de Janeiro, artistas e intelectuais brasileiros se uniram para que o Brasil seja um país mais igualitário em Direitos Humanos e respeitando as diferenças (singularidades) de cada cidadão.É bom saber que pessoas que gostamos dos textos, das músicas, dos pensamentos estão apoiando uma candidata que promete continuar o trabalho que o governo Lula fez durante estes 8 anos. Meu voto também não é secreto, votei no primeiro turno e voto no segundo,Dilma 13. Que o vermelho da bandeira deste país seja da alegria e da prosperidade...Axé a todos e refletim sobre o que desejam para o nosso país.
Elizandra Souza



Assistam:

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O calendário da vida não para, mas ontem o Sarau Suburbano

Fotos: Marilda Borges

Alessandro Buzo organizador da atividade
Ontem aconteceu o Sarau Suburbano em Itaim Paulista, Zona Leste, como peguei o trem em horário de pico, entendi o motivo que inspirou dois livros do escritor Alessandro Buzo..é o mundo dentro de um vagão...um demonstrativo do que é multidão, pessoas juntas e separadas,sem vínculos..apenas estando...enfim... Uma viagem que não considero longa, nem distante, nem o fim do mundo...pois faço caminho semelhante todos os dias para chegar a qualquer lugar que não seja no meu bairro Jardim Porto Velho, distrito do Grajáu...Esqueci de tirar umas fotos da Biblioteca Suburbano..fiquei muito contente com a variedade de livros, inclusive tinha um exemplar do Punga para que os leitores possam apreciar com ou sem moderação, muitos livros infantis, gibis...um país melhor se constroí com bons leitores, pessoas que conseguem escolher os seus próprios livros, usar a sua própria imaginação, fazer suas escolhas políticas e sociais...Ter escolhas... fiquei comovida com o espaço...eu sempre vi as periferias como pequenas cidades que tem sua própria forma de se movimentar...periferia é periferia em qualquer lugar, mas todas elas tem seu nome próprio...no centro de Itaim Paulista..é como se eu tivesse em Santo Amaro, mas tem coisas que encontro em uma que não encontro na outra... Vamos ao Sarau Suburbano...

O sarau de ontem dia 14/10, teve inicio com o Projeto Marginaliaria, organizador por Andrio e outros integrantes, mesclando literatura, música e teatro com textos de Ferrez, Andrio e Plinio Marcos. Algumas músicas de autoria dos músicos do projeto...Foi uma experiência maravilhosa..alimenta a nossa vontade de continuar...
Depois a atividade continuou e eu era a convidada do mês, não sei se atingi as expectativas, mas as vezes o silêncio me acompanha, acho que de tanto observar, quando as palavras precisam sair elas se embola, uma nas outras, da mesma forma que as pessoas querendo entrar no trem, ai enquanto algumas pessoas se embolam disputando um lugar para sentar, as que estão soltas, sentam primeiro...risos..é só uma analogia...kkkkkk... Recitei poemas como o Menina Pretinha e Geração de excluídos de autoria do Akins Kinte, para finalizar poema de Maria Tereza e Sou assim de minha autoria...
Durante o sarau algumas surpresas. Vinicius foi uma destas surpresas, pois foi o seu primeiro poema, relembrando de ativistas do Hip Hop que não se encontra entre nós, mas finalizando que a luta continua...Parabéns pelo poema.
Axé!!!
Elizandra Souza


Vinicius, parabéns pelo poema!!

Trupe Marginaliaria.

Mais informações: http://www.buzo10.blogspot.com/

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Bate papo e lançamento da Mixtape - Emicídio...

Fotos: Marilda Borges

Ontem fui participar do bate papo e lançamento da nova mixtape do Emicida, intitulada Emicídio, fiquei muito contente com as falas, perguntas e respostas...uma das coisas que me marcaram nesta conversa é a certeza de que o Hip Hop mais do que música é sentimento, na verdade as músicas que não tocam nos corações, que não transmitem emoções, ficam sem sentindos...paralelo a este encontro, voltei pra casa lendo o livro A poesia do encontro de Elisa Lucinda e Rubem Alves, no qual eles vão revelando para que serve a poesia,o que ela transmite, se determinados objetos que são utilitários como um copo, transmitem felicidades, como uma poesia...e vão falando que não somos educados a sentir...achei maravilhoso...
Tudo isso para dizer que consigo perceber a essência da Cultura Hip Hop nas músicas que ouço do Emicida...Vida longa ao trabalho e resistência...!!!Vamos receber mais flores em vida...lágrimas só de felicidades...
Axé!
Elizandra Souza

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Atividades que estarei participando em outubro -Elizandra Souza


Salve! Anda meio desatualizadinho o meu blog, mas são as correrias da vida real...risos...Esta semana haverá estas duas atividades, quem puder comparecer, por favor, compareça para compartilharmos ideias e poesias.
Axé.
Elizandra Souza

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lançamento da Revista Menelick edição 02



Olá!!!
Esta publicação é um dos nossos diamantes da contemporaneidade, sobre jornalismo e africanidades. Gostaria de parabenizar a inicitiva do editor Nabor e toda a equipe.
Parabéns pelo trabalho e compareçam ao lançamento.
Axé.
Elizandra Souza
Saiba Mais:

http://www.omenelicksegundoato.blogspot.com/

http://issuu.com/omenelick2ato/docs/omenelick2atoedition02

Nos últimos dias....muitas atividades...

Olá, minhas queridas leitoras e leitores...
Estes dias tenho postado algumas atividades culturais...espero que possam estar acompanhando, mas estou sentindo faltando de colar alguns textos reflexivos...muitas novidades...depois com um pouquinho de calma comento das atividades divulgadas,compareci em algumas...
Passando só para deixar um abraço virtual.
Elizandra Souza

Noites Cubanas em São Paulo

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Rodrigo Ciriaco contribuindo com a reflexão sobre violência doméstica!!!


conto - MIOLO MOLE FRITO
Meu sonho é matar meu padrasto. Essa noite eu consigo. Vou ferver o óleo e de madrugada jogar dentro do seu ouvido. Enquanto ele estiver com o sono pesado, dormindo que nem um menino.

Não será para ele não sofrer não, eu quero que ele sofra. Muito. Mas tem que ser na trairagem pra ele não me machucar mais, não mexer mais comigo. Nem com a minha irmã. Alias, eu avisei: faz o que quiser no meu corpo dolorido. Me bota pra lavar roupa, limpar a casa, sentar no seu colinho. Antes eu chorava, esperneava, mas agora... Agora eu desligo. Só que deixa a Beatriz de lado. Deixa a Beatriz.

Se encostar num fio...

Podia cuspir na minha cara, chupar o meu peitinho. Esfregar a minha testa contra a porta do armário, apertar o meu pescoço – como fez tantas vezes - mas, ela não. Ela ainda é ingênua. Não carrega esse riso triste, esse sangue pisado. O chumbo vazio.



Valeu o aviso?

Tudo bem. Quando eu estiver esquentando o óleo, vou lembrar bem da temperatura do seu cinto. A maneira que ele queimava o meu lombo. A agulha de crochê e a ameaça que você fez de enfiar dentro do meu olho. Espetar a minha retina como o dedo fura o bolo, lembra? Lembra Antônio? Eu lembro. A cicatriz ainda tá no meu rosto. Naquele dia você mandou eu sofrer e não soltar nem um pio. Quietinha. Nem um pio.

Esse é meu sonho professor. Esta noite eu realizo. Apagar a bituca do cigarro na bochecha de Beatriz só fez eu ter certeza do meu pedido. Sabia que carne queimada é fedido? Por isso que não sai da minha cabeça o tssssssssss do óleo escorrendo na orelha, fritando o lóbulo, amolecendo os tímpanos. Quem sabe assim ele escuta os gritos que eu não pude dar quando vinha pra cima com o corpo pesado, exalando cachaça. Quem sabe assim a minha mãe acorda e percebe o que fez com a gente. Comigo.

Sei que o senhor pode estar assustado prôfi mas, não se preocupe. Quando for corrigir essa Redação já estará tudo resolvido. Eu, com o pé na estrada. E o miolo mole, frito.

Leia mais: http://efeito-colateral.blogspot.com/2007/12/conto-miolo-mole-cozido.html

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Capulanas visita quintal da Família de Akins Kinte, dia 19 de setembro (domingo), 19h. Compareçam!!

Fotos: Guma


SOLANO TRINDADE E SUAS NEGRAS POESIAS
Este espetáculo da Capulanas Cia de Arte Negra retrata a força da mulher negra por meio das poesias de Solano Trindade, Elizandra Souza e Capulanas, com descobertas e preconceitos sofridos às mulheres desde a infância até a velhice, dialogando com a ancestralidade e a contemporaneidade por meio da musicalidade e coreografias. Faz parte do Projeto Pé no Quinta contemplado pela 16ª edição do Programa de Fomento ao Teatro da Secretaria Municipal de Cultura.

Dia 19 (domingo), 19h. Quintal da Família do Akins Kinte – Rua Antonio Ramos da Cruz, 51. Altura do número 3.000 da Av. Itaberaba. Freguesia do Ó, Zona Norte. Entrada franca. (011)6654-8287. capulanasciadeartenegra@gmail.com.
http://ciacapulanas.blogspot.com

Seminário sobre os quatro anos da Lei Maria da Penha!