quinta-feira, 29 de abril de 2010

Maria Tereza, descanse em paz!!!

* Na segunda-feira fui visitá-la, ela fez um esforço tão grande pra me doar algumas palavras...a vida, a saúde...são palavrinhas tão pequenas, mas trazem o sentido de tudo. Estou triste pela situação. Descanse em paz. Sei que vai alegrar o outro lado da existência..como alegrou este nosso lado aqui..Pra mim fica este sorriso e a vontade de viver, de doar-se, de amar, cantar, dançar e escrever..Muito axé do outro lado do Olorum.





Maria Tereza com seu sorriso lindo lançando o Negrices em Flor na Ação Educativa, em 2007, publicado pela Edições Toró.


Akins Kinte e Maria Tereza, agosto de 2007.

Elizandra Souza, Zinho Trindade e Maria Tereza, dezembro de 2007.



Aquilombados - Maria Tereza



É dos olhos que sai o mar efervescente dos aquilombados
É do mar que sai os olhos efervescentes dos aquilombados
Nossas vozes, nossos tons são peles aparceiradas
É necessário profundidade pra imantar da terra verdades
Somos língua viva botando fogo no sereno
Na feira, no ônibus, na roda tem
Na fila, no trânsito, elevador também
Com suavidade, com feminilidade, com tudo que houver
necessidade
Observo enquanto errando acerto
Na São Paulo camaleão feminina, da norte mesmo ao sul
extremo
Salves! A quem deve ser saudado
Minha terra tem fagulhas que me fazem enxergar que amor
é inteligência
É preciso exercitar.


Poesias de Maria Tereza

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A bola vai, a vida vêm...

As Mulheres na Várzea....

Com o time tatuado no peito

Dribla a segunda, a primeira e a terceira

Dança no meio do campo e na beira

Troca o vestido pelo calção

O salto pela chuteira

A meia de seda pelo meião

Bebe pelos pés a força ancestral

Frágil é apenas a grama

Que não sobreviveu no lamaçal...

Mulheres que costuram histórias

Na medida em que a bola vai, a vida vêm

Sábado abre alas,

Domingo se cala

Chega segunda.

Seus avessos contém pratos e patroas

Crianças nas costas e nos seios

Suas mãos perfumadas de cheiros...

Mulheres na várzea

Da vazão ao infinito

De um universo mais bonito

Uma sinestesia de alegria e dor

Um sopro de vida e um suspiro de gol

Risadas ritmadas aos gritos

Fogos que estrelam o céu

A bateria que cala os olhos, quando a bola rola

A mulher que espera o samba, o abraço, o batuque

O coração que berra, emudece e insulta...

A bola vai e a vida vêm

Dribla, corre e desvia

Vestidas de terra, gira e gira,

Segura a bandeira e firma o passo.

recebe a força do barro

Rola, rola, rola

Mas a chuteira crava suas garras no chão

Mulheres na várzea

Mantém o olhar de rebeldia

Lustram o emblema do time que aprecia

Em volta do campo, enquanto eles jogam

Elas cultuam seus rituais:

Torce pelo gol,

Retorce a água no enxágüe do uniforme

Torce para que o jogador não retorça o pé

Contorce o frio no abdômen

Vibra com o destroce do adversário

A poeira entre o pé, a bola e o chão

A bola vai e a vida vêm....

*Poema produzido para os extras do documentário Várzea: a bola rolada na beira do coração, do poeta Akins Kinte, lançado em fevereiro de 2010.



sexta-feira, 23 de abril de 2010

Salve, São Jorge!


Oração a São Jorge


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.

Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge Rogai por Nós.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Surtando aos montes....citações, conceitos, ABNT....




Salve aos amigos e amigas que acompanham o blog.


Alguns sabem o motivo do meu sumiço nos últimos 50 dias. E outros não.


1. Meu pai ficou internado por 45 dias em um hospital público.


2. A minha tia (irmã do meu pai) faleceu com câncer na vesícula neste periodo que ele estava internado.


3.Estou escrevendo meu trabalho de conclusão de curso, uma monografia sobre a invisibilidade da mulher negra nos meios de comunicação...




Neste momento, o que mais me preocupa são os prazos de entrega da monografia...estou surtando cada dia um pouquinho...




Saudades da Cooperifa, saudades do Sintonia, saudades de mim mesma, saudades de ler livros por prazer, escrever poemas por necessidade......




Enquanto, não fechar este ciclo estou meio assim.....


Beijocas a todos que torcem por minha felicidade...


Elizandra Souza

BANDO DE TEATRO OLODUM



O grupo, formado por atores negros, nasceu no Pelourinho em 1990 e já produziu cerca de 20 espetáculos de teatro e atuações no cinema e na TV. O Sesc Vila Mariana apresenta três peças da companhia.

Dias 17 (sábado, 15h30) e 18 (domingo, 11h). Áfricas – espetáculo infanto-juvenil traz à cena o continente africano, por meio de história, povo, mito e religiosidade. Entrada R$ 12,00 (inteira), R$ 6,00 (meia) e R$ 3,00 (carteirinha do Sesc).

Dias 16 e 17 (sexta-feira e sábado, 21h) e 18 (domingo, 18h). Ó pai ó - espetáculo mostra como os moradores e freqüentadores obrevivem
no bairro histórico do Pelourinho em Salvador. Entrada R$ 12,00 (inteira), R$ 6,00 (meia) e R$ 3,00 (carteirinha do Sesc).
Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141. Vila Mariana. Entrada de R$ 3,00 a R$16,00. (11) 5080-3000.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Palavra Vazia

*A imagem é de uma mulher negra falando e agindo na sua comunidade...Esta foto é o ideal...apenas reflita...A palavra tem poder e ação. E a sua palavra condiz com a sua ação???

O exercito enfraquecido
Transbordando vaidade
Esquecido da luta
Transformado em rebelde sem causa
Iludido com fama, dinheiro...
Seduzido pelo banal
Por que não marcha rumo ao sol?
Por que não canta o hino da liberdade?
Erga a bandeira da igualdade
Avance contra o causador do mal
Reaja a luta não acabou
É fácil ser um falso vencedor
Não adianta vender esperança
Se dentro de você ela congestionou
A palavra volta como lança afiada
A mascara cai no momento crucial
A apresentação encerra, e o que sobra?
Palavra vazia que sem ação evapora.


*Este poema tem alguns anos que produzi, mas ele continua tão atual que resolvi postar.


Elizandra Souza