sexta-feira, 22 de abril de 2011

ABELHA MANDAÇAIA

Por Elizandra Souza


Tão solitária e negra como eu


Abelha Mandaçaia...


...sem produção de mel


Desabitada a procura de flor


Para bebericar do seu encanto...



Lápis de olhos...


...a esconder águas salgadas


Como não consolidar


este isolamento, que me consome?


Esta falta de mãos grudadas


...pele que não afaga


Estou rifando essa soledade!


Trançar, eu quero, mãos pretas...






É querência de mar, e não de oásis


Perenidades entrelaçadas...


Em estações lunares e solares...



Meu viver tornou-se deserto...


Os dias quentes e as noites congelantes


Um corpo sem afeto...


Repleto de roedoras,


Serpentes


E lagartas...


Peles bem alvas...


Alvejando-me por serem preferidas...


Será mesmo que elas resolvem


estes traumas de pretos meninos?




Em outras facetas, sou eu, serpente


Cascavel do deserto como queira...


Movimentando-me em silêncio


Para que as inimigas não me vejam...



Sentimentos fósseis...


... expostos pelas erosões


A vida inteira sem beber águas...


Longos jejuns sem morrer...


Força bruta que me dilacera


Estes secos dias, sem chuvas...


Só poeiras machucando minhas retinas.







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