sábado, 15 de dezembro de 2012

Poema: Nas curvas do cajueiro

Poema dedicado ao meu Pai (Felicio)
NAS CURVAS DO CAJUEIRO 

Carregava na face
Alma que latejava
Confissões da seca
Do árido nordeste


Da montaria do cavalo
Da pisada na estrada
Da aroeira ao bocapio
O carro de boi que cantava


A plantação que o sol destruiu,
A prece destinada à chuva
São Pedro dono das águas do céu:
- “Mande uma trovoada de mansinho”


Em São Paulo com a alma
Plantada e enraizada
Nas curvas do cajueiro
No gosto da castanha e na beira do rio


Que falta faz sair sem destino
Contando as estrelas, seguindo o luar
Nos seus olhos o verde da colheita
O coração um toque de zabumba


Seus sonhos eram um sítio florido de frutos ácidos
Filho de África e Sertão
Sorriso de quem esperava
Fogueiras, foguetes e forró...


Elizandra Souza # Águas da Cabaça# 2012